quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Vá conferir - A Voz Humana

Com a montagem produzida pela Amsterdam Chamber Opera e dirigida por Marcos Rabello, a ópera A VOZ HUMANA mostra um espetáculo diferente: apenas uma cantora lírica mezzosoprano no palco, acompanhada por três músicos tocando trompete, contrabaixo e acordeão; e o regente, que cria texturas eletrônicas num laptop.




 

Teatro Molière (Aliança Francesa)
Avenida Av. Sete de Setembro, 401, Ladeira da Barra

Dias
26/08/2011, sex; 20h
01/09/2011, qui, 20h

Ingressos
R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)



domingo, 21 de agosto de 2011

Absinthe, o retorno da Fada Verde


O absinthe – ou a fada verde - voltou a ser consumido na França. Ele foi proibido pelo governo francês em 1915 como uma medida de proteção à saúde pública. Desde então esta bebida virou legenda e ficou na nossa imaginação como o álcool potência mil que torna as pessoas loucas. Fonte de inspiração ou a arma fatal de Baudelaire, Verlaine, Rimbaud, Wilde, Degas, Van Gogh, Toulouse-Lautrec, Hemingway, Picasso…
Oscar Wilde dizia que “ o primeiro copo nos mostra as coisas como queremos vê-las, o segundo nos mostra como elas não são; após o terceiro, nós as vemos como elas são realmente. E nada pior do que isto”.

Parece que na realidade, o absinthe não é pior do que qualquer outro álcool. A interdição de 1915 foi decidida em função da dependência problemática, à este álccol, das forças armadas francesas durante a primeira guerra mundial e como resultado de lobbying intensivo dos fabricantes de vinho. No início dos anos 2000 a proibição foi anulada e atualmente o absinthe virou bebida hype. Nos bares e clubes de Paris o objetivo é transformá-lo em álcool festivo e jovem.

Se hoje ele é bebido em cocktails elegantes, o verdadeiro ritual para soboreá-lo consiste em colocar um pedaço de açucar sobre uma colher perfurada que repousa nas beiradas de um copo contendo uma dose de absinthe. Em seguida gotas de água gelada o dissolvem e à medida que o açucar dissolvido cai no absinthe sua cor passa de verde à verde leitoso.

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sábado, 20 de agosto de 2011

domingo, 7 de agosto de 2011

Visite Paris com - Luis Fernando Veríssimo

Comecemos por onde Paris também começou, a Île de la Cité. Estamos na frente da catedral de Notre Dame. Do alto destas torres sete séculos nos contemplam. E se você aguçar os olhos e a imaginação, também poderá ver o corcunda Quasimodo nos espiando de dentro de um nicho, lá em cima. Se você não entender como Quasimodo, um personagem fictício de Victor Hugo, pode estar vivo e nos olhando, não se preocupe. Ele também acompanha o movimento de ônibus e turistas em frente à sua catedral sem acreditar no que vê. Vamos dar uma passada dentro da Notre Dame. Rápida, porque o tempo está bonito e temos muita coisa para ver.
Depois da Notre Dame o indicado é ir dar uma espiada na Sainte Chapelle, também na ilha, uma pequena jóia da arquitetura gótica, com seus vitrais que parecem ocupar mais espaço do que as paredes que os sustentam. Mas a capela fica dentro do Palácio da Justiça, é complicado para entrar e, mesmo, você não quer passar o tempo todo fechado em igrejas. Tenho uma idéia melhor. Saindo da Notre Dame, vamos virar à outra ilha, a Saint Louis. Uma confidência: depois de assaltar o Banco do Brasil, é na Île Saint Louis que eu irei morar. Comprarei a cobertura de um prédio do século 17, mas com elevador deste século, e passarei meus dias no terraço, de casaco de veludo bordeau e com um vinho idem na mão, fiscalizando o tráfego do rio. Depois de rodear a ilha, com suas árvores e seus cais tranqüilos, rumamos para uma das suas instituições mais famosas: a sorveteria Berthillon. Na verdade, existem várias sorveterias Berthillon na Île Saint Louis, e todas vendem o mesmo sorvete fabricado na loja matriz da rua central, considerado por muitos como o melhor do mundo. Eu escolho o de marron e o de maçã. Você, claro, pode escolher o que quiser, só então peça para provar o meu. Advogo a solidariedade humana em todas as situações, menos na partilha do sorvete Berthillon.
Da Île Saint Louis atravessamos outra ponte para a margem direita do Sena. Estamos perto do apartamento do Jorge Amado, mas nem ele é uma atração da primavera em Paris nem ficaria bem incomodar o conterrâneo só porque estamos nas suas redondezas. Nosso objetivo é o Marais, um dos bairros mais antigos de Paris. Já foi um dos mais nobres, depois decaiu, depois foi restaurado, hoje é dos endereços caros e cobiçados da cidade. No Marais está a Place des Voges, completada em 1612 segundo as especificações de Henrique IV, que queria, antes de mais nada, simetria. As 36 casas que circundam a praça mantém até hoje o mesmo estilo da época em que a então “Place Royal” era o centro de festividades da monarquia. Numa delas morou Victor Hugo, entre 1883 e 1884. E no térreo de outra, atrás de uma porta tão discreta que a maioria não nota, está um dos grandes restaurantes de Paris, “L'Ambroisie”. Iremos lá um dia, depois do assalto. Por enquanto, sentemos no jardim central da praça, olhemos as crianças que brincam sem qualquer perspectiva histórica e meditemos sobre o tempo e seus mistérios. Se a filosofia der fome, podemos caminhar até a Rue des Rosiers, ali perto. Fica no nosso caminho e tem muitas lojas de comida judia para devolver o vigor a nossos passos. Ainda vamos longe.
Passamos pelo Centro Pompidou, depois de combinar que precisamos voltar ao Marais para ver o museu Carnavalet e, principalmente, o museu Picasso, montado com as doações que seus herdeiros fizeram ao estado, para quitar impostos. O Centro Pompidou já foi descrito como o “Mausoléu do RoboCop” e a reação das pessoas quando o vêem pela primeira vez varia do “Que legal!” ao vômito. Como não sei em que categoria você se inclui, me afasto para que você o enfrente sozinho. A minha opinião? Gosto, mas não o poria na minha sala. É um imenso museu construído com todos os seus tubos despudoradamente à mostra. Nos dias de primavera, a grande área a sua volta se enche de uma variada fauna que a transforma numa mescla de pátio dos milagres e circo, onde você pode passar horas vendo e ouvindo malabaristas escandinavos, mímicos africanos, um grupo de japoneses que só canta Beatles e malucos de todas as procedências, brigando pela atenção do público. Mas não temos tempo. Em frente! Estamos chegando no antigo mercadão “Les Halles”, o velho ventre de Paris, como o chamou Émile Zola, onde, sob arcadas de ferro, se negociava comidas e bebidas em proporções gargantuescas e pantagruélicas (de Gargantua e Pantagruel, personagens omnívoros de Rabelais, este é um tour de classe), e que não existe mais. Substitui-o um complexo subterrâneo de lojas, butiques, cinemas, teatros, restaurantes, que atende pelo nome coletivo de “Forum des Halles” e que também desperta reações múltiplas que vão do “Oh!” ao “Pshaw” nos visitantes. Nem a transformação da superfície do Forum num jardim, com arcos que lembram as antigas armações de ferro, diminui a saudade que muitos parisienses têm do velho mercado. Um tradicional programa - ou fim de programa - de antigamente era tomar sopa de cebola e comer escargots ou tripas num dos muitos restaurantes da zona, de madrugada, vendo os negociantes descarregarem seus produtos para as vendas do dia. Nada para estimular o apetite como ver os outros trabalhando. O mercado se foi mas, felizmente, muitos daqueles restaurantes continuam em atividade, embora alguns, como este que agora passamos, o “Pied de Cochon”, tenham se transformado em templos do turismo, com uma clientela pouco parecida com a mistura de caminhoneiros, peixeiros e granfinos que os freqüentavam antes. Mas assim é o progresso.
Todo mundo conhece a história da turista brasileira que encontrou outra turista brasileira numa rua de Paris e disse:
- Sabe que eu estou aqui há uma semana e ainda não fui ao Louvre?
E a outra:
- Eu também! Será alguma coisa na água?
Não é uma necessidade ir ao Louvre mas podemos fazer o seguinte: entrar pela nova pirâmide (que também tem gente que adora e gente que odeia), correr até a Mona Lisa, afastando japoneses do caminho a cotoveladas, prestar vinte segundos de homenagem a Leonardo da Vinci e, por seu intermédio, a toda a moçada da Renascença e depois sair correndo do museu, sem esquecer de abanar para a Vênus de Milo, que não poderá responder ao abano. E pronto: estamos de volta ao sol e com dois percursos para escolher. Ou seguimos em frente, atravessando o longo jardim das Tuilleries rumo à Place Concorde e os Champs Élysées, ou vamos para a direita, o que nos levará ao jardim do Palais Royal. Vamos para o Palais Royal. Não discuta, o guia sou eu. Chegaremos aos Champs Élysées, sim, mas por outro lado, e na sua melhor hora, o fim da tarde. Estão com fome? De novo? Está bem. Meia hora para a restauração. Mas cuidado. Aquela história de que em qualquer bistrozinho de Paris se come bem é um mito que geralmente não resiste ao primeiro bistrozinho. Como temos pouco tempo, o melhor é entrar num café e pedir um “croque madame”, que, parece, é igual ao “croque monsieur”, mas vem com ovos, numa completa inversão da expectativa. Tomemos só um copo de vinho ou um “demi”, que é “chopinho” em francês. Precisamos continuar alertas.
O Palais Royal era do cardeal Richelieu que, ao morrer, o deixou para Luiz XIII, que também morreu logo em seguida. Sua viúva, Ana da Áustria, mudou-se do Louvre para lá com o jovem Luiz XIV e… Mas não temos tempo para todos os luizes e vindas. Só interessa que em 1780 o palácio passou para Louis-Phillippe de Orleans, que precisava de dinheiro e por isto mandou cercar os jardins com prédios de apartamentos, com arcadas e lojas em baixo. Talvez não exista melhor lugar para um passeio primaveril em Paris do que este quadrilátero arborizado, com um chafariz no meio e um belo exemplo da arquitetura do século dezoito em volta, mesmo que restaurada (os prédios foram incendiados durante a Comuna de Paris). Entrando-se pelo palácio original, pode-se sair do jardim na sua outra extremidade, que dá para a Rue de Beaujolais e, logo em seguida, a Rue des Petits Champs. Aqui, sugiro um pequeno desvio. Em vez de seguirmos para a esquerda, e, para a Place Vendome, a Place Concorde, os Champs Élysées e o etc., vamos dar uma rápida espiada na Place des Victoires, um dos tesouros secretos desta zona. É um pequeno círculo com uma estátua de um dos luizes no meio que tinha caído em desuso e há pouco foi redescoberto, e hoje é o endereço de muitas daquelas butiques para jovens milionários cuja única decoração são pálidas vendedoras de preto, com o ar de quem só se alimenta de aspargos finos e um ou outro homem, dos pequenos. Fim do desvio.
Nosso objetivo, agora, caminhando resolutamente pela Rue des Petits Champs, é a Place Vendome. Se o mundo dos ricos tem um umbigo, é a Place Vendome. Aqui ficam uma das duas entradas do Hotel Ritz, joalherias e perfumarias famosas, bancos cuja importância é inversamente proporcional ao tamanho da placa na porta e os melhores exemplos da arquitetura francesa do século dezessete. A coluna no centro da praça é feita de pedra e do bronze de mil canhões capturados por Napoleão na batalha de Austerlitz, em 1805, e era do seu topo que Scott Fitzgerald, depois de beber no bar do Ritz, sonhava fazer xixi no povo, ou pelo menos na Zelda. Saindo, relutantemente, da Place Vendome pela Rue de Castiglione chegamos ao finzinho do jardim das Tuilleries. Da sua amurada, que dá para a Place Concorde, podemos ver a magnífica perspectiva dos Champs Élysées que termina no Arco do Triunfo, lá em cima. Sim, crianças, faremos todo o trajeto a pé, não é hora de desanimar. O comprido trecho que leva da Place Concorde até o começo da subida em direção ao Arco é o “carré” dos Champs Élysées, e caminha-se nele sob amendoeiras, de preferência assoviando. Quando começa a subir na vida, o Champs se torna comercial e social, é a zona do comércio caro, de grandes cinemas, das companhias aéreas e… Não! Não sente aí. Em qualquer café do Champs Élysées a mineral tem preço de champanhe e o champanhe varia com a cotação do ouro. Vamos continuar subindo por esta larga calçada, olhando a multidão e as vitrines e controlando qualquer impulso de compra, que nesta região equivaleria ao suicídio. Estamos nos aproximando do Arco do Triunfo. Napoleão mandou construí-lo para receber seus exércitos vitoriosos mas nada nos impede de tomá-lo como uma homenagem ao nosso pequeno feito, de ter chegado até aqui razoavelmente inteiros. Doze avenidas se encontram na Place Charles de Gaulle, onde está o Arco. Mais do que tudo que vimos até agora, o fato dos carros entrarem e saírem deste círculo infernal sem se baterem é um exemplo de civilização superior. Xingam-se, intimidam-se e se ameaçam, mas raramente chocam-se. Esta é a melhor hora - para olhar a perspectiva ao contrário: do Arco em direção à Place Concorde e, lá no fundo, o Louvre. Pegando aquela avenida ali vocês vão dar na Place du Trocadero, de onde se tem uma espetacular visão da Torre Eiffel, no outro lado do rio. Não há como errar. Eu vou ficar por aqui. Haja sola. Não, não precisa gorjeta. Bem, talvez uns trocados para o sapateiro. Agora andem, que Paris é para sempre mas a primavera não.”

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Vá conferir - O melhor do homem

O melhor do homem
Escrita pela norte-americana Carlota Zimmerman com apenas 17 anos e encenada por um grupo da Young Playwrights em Nova Iorque, obteve grande sucesso de público e crítica. A peça fala do amor passional e simbiótico de dois presidiários e como qualquer outro, sempre traz em si os germes da violência, do medo, da posse e da sujeição. Dean e Skyler, como parceiros, jogam todos os jogos, se revezam em diversos papéis, mas no final do jogo, mesmo que haja um vencedor, pode ser que este seja o verdadeiro vencido. Foi a primeira gay-play no Brasil quando estreou em 1995. O espetáculo foi contemplado com o Prêmio Funarte Myriam Muniz de Teatro 2009 e realizou duas temporadas em 2010, em Salvador.


Teatro Molière Aliança Francesa
O melhor do homem
de 6 a 28/8/2011, 
sábados e domingos às 20h
R$ 10 e R$ 5 (meia)
realização: Bahia Em Cena
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