domingo, 9 de outubro de 2011

Estilo de Vida - Símbolos da Cultura Francesa

Yves Montand no filme Garçon (1983)

Os turistas acham que o problema é somente com eles e que são as únicas vítimas dos garçons de Paris. Mas o problema é mais vasto e quase histórico. Não sei em quê esta revelação vai ajudá-los, talvez seja um conforto saber que todos estamos na mesma situação.

A diferença fundamental é que os residentes sabem que a abordagem do personagem é delicada.  E quando entramos em relação com o dito cujo nos perguntamos qual rumo ela vai tomar: turbulências ou céu de brigadeiro. Logo que um garçon se aproxima tentamos  definir o seu tipo, a tarefa é árdua pois as modalidades são diversas.

Se for um garçon-estudante ele estará em jeans, camiseta e tênis,  apressado, não muito profissional e sempre sorridente. Apesar de estar louco para acabar logo e voltar para a universidade, vai responder suas dúvidas com atenção.

Se for um garçon da antiga, todo de preto e avental branco amarrado nas costas, o espetáculo promete. Ele se aproxima com um atraso de meia hora, murmura algo incompreensível,  responde as questões com enorme economia de palavras. Volta para retirar os pratos  com uma hora de atraso e traz a nota sem o café que foi pedido. Se ele atender uma moça desacompanhada e bonita o quadro muda radicalmente.

Se for um garçon de endereço hype, a performance é diferente. Todo de preto costume Hugo Boss, cabelos impecáveis, unhas feitas, rosto impassível e olhar duro. Ele “faz o favor de tirar as dúvidas” mas prefere atender os clientes conhecidos que sabem exatamente o que querem. Ele se sente injustiçado porque deveria estar nas passarelas dos desfiles alta costura.  Após gorjeta ele “ousa” um sorriso mais natural. A moça desacompanha e bonita aqui não terá vez.

Nosso conselho?
Levem tudo na bricadeira e vistam a camisa do sociólogo analisando o fenômeno. Observem-o como se estivessem em museu das espécies raras
e em via de desaparecimento. Afinal vocês estão diante de  personagem central da vida parisiense,  retratado no cinema por Raymond Bernard (1919) com Max Linder no filme Le Petit Café e por  Claude Sautet (1983)  com Yves Montand o papel do garçon Alex no filme Garçon

do Conexão Paris
Artigo inspirado por um outro publicado pelo Le Figaro  


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